Como conversar com crianças sobre saúde mental: guia afetivo
Tempo de leitura: 6 minutos
Falar sobre saúde mental com crianças pode parecer desafiador. Afinal, como explicar sentimentos tão grandes para alguém que ainda está aprendendo a nomear emoções? Como abrir espaço para conversas sem assustar ou confundir? E o mais importante: como ajudar uma criança a crescer com consciência emocional, sem tabu nem vergonha?
A boa notícia: é possível — e mais simples do que parece. Com escuta, paciência e atitudes consistentes, pais, responsáveis e educadores podem criar um ambiente onde a saúde mental tem tanto valor quanto a física.
Este artigo é um mergulho nesse universo. Vamos falar sobre:
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Como iniciar conversas com afeto
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Como adaptar a linguagem para cada fase da infância
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Estratégias práticas que funcionam no dia a dia
Tudo para te ajudar a cuidar da mente dos pequenos com mais leveza e intenção.
Por que falar de saúde mental com crianças?
Porque sentir faz parte do desenvolvimento. Medo, raiva, tristeza, alegria — tudo isso aparece cedo, muitas vezes antes mesmo das palavras. Ensinar uma criança a reconhecer o que sente é um presente para a vida toda.
Falar sobre saúde mental na infância é uma forma de prevenção. Crianças que desenvolvem consciência emocional lidam melhor com os desafios, criam relações mais saudáveis e crescem com mais segurança interna.
Comece com o que você tem: sua presença
Você não precisa ser psicólogo. Nem ter todas as respostas. O mais importante é estar presente. De verdade. Escutar com atenção. Validar sentimentos.
Sabe quando seu filho chega da escola, triste, e diz:
“Ninguém quis brincar comigo hoje”?
Em vez de responder “Ah, isso passa” ou “Você precisa ser mais legal com os outros”, tente algo como:
“Poxa, isso deve ter sido bem chato. Quer me contar mais? Como foi pra você?”
Essa pequena mudança faz uma grande diferença. Abre espaço pra criança se expressar. Ela sente que está sendo ouvida. Que o que ela sente importa.
Dica de ouro: nomeie as emoções
Crianças nem sempre sabem dizer o que sentem. Às vezes, choram, gritam ou ficam quietas demais porque não conseguem expressar o que está dentro delas.
Você pode ajudar dando nomes:
- “Está tudo bem ficar triste. Todo mundo fica às vezes.”
- “Você parece bravo, foi isso que sentiu quando o brinquedo quebrou?”
- “É normal ficar com medo quando algo novo acontece. Eu também fico.”
Nomear emoções ajuda a criança a se familiarizar com elas. É o primeiro passo para desenvolver autorregulação emocional.
Adapte a linguagem à idade
Cada fase da infância pede uma abordagem diferente. Veja alguns caminhos possíveis:
De 2 a 5 anos: tudo começa com o corpo
Nessa idade, o mundo emocional ainda é muito físico. Uma criança pequena sente “um aperto na barriga”, “um choro que não para” ou “vontade de sair correndo”.
Use histórias, desenhos, brinquedos. Fale sobre sentimentos concretamente:
- “O coração bate mais rápido quando a gente tem medo.”
- “Quando você fica muito bravo, parece que tem um vulcão dentro, né?”
- Use bonecos para encenar situações: “Olha, o ursinho ficou triste porque o amigo não quis dividir o brinquedo.”
De 6 a 9 anos: comece a explorar causas e consequências
As crianças dessa faixa já conseguem entender um pouco mais sobre o porquê das emoções. Você pode fazer perguntas para estimular a reflexão:
- “Por que você acha que ficou tão irritado?”
- “O que poderia ajudar a se acalmar quando isso acontece?”
- “Como você acha que o outro se sentiu nessa situação?”
Crie um “termômetro das emoções” com cores ou carinhas para a criança conseguir identificar como está se sentindo naquele dia.
De 10 anos em diante: espaço para conversas mais profundas
Pré-adolescentes e adolescentes já começam a ter uma compreensão mais ampla sobre si e os outros. Aqui, o diálogo pode ser mais direto:
- “Você tem se sentido ansioso ultimamente?”
- “Tem algo te incomodando que você ainda não conseguiu falar?”
- “Quando eu era criança, também me sentia assim às vezes. Vamos pensar juntos em como lidar?”
Evite sermões. Escute mais do que fala. E lembre-se: não minimize o sofrimento só porque parece pequeno aos seus olhos. Na idade deles, tudo é grande.
Dicas práticas para o dia a dia
Vamos agora ao que mais interessa: o que funciona na prática.
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Faça check-ins emocionais
Reserve um momento do dia para perguntar como a criança está se sentindo. Pode ser na hora do café, no caminho da escola, ou antes de dormir. Exemplo:
- “Como foi seu dia? Teve alguma coisa que te deixou feliz? E algo que te deixou chateado?”
Se a criança não souber responder, tudo bem. O importante é manter o hábito.
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Use livros, filmes e desenhos como ponto de partida
Histórias são grandes aliadas. Após assistir a um filme como “Divertida Mente”, por exemplo, pergunte:
- “Qual emoção você mais se identificou?”
- “Você já se sentiu como a Tristeza ou o Medo?”
Livros infantis também são ótimos recursos para falar de sentimentos de forma lúdica.
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Ensine formas de lidar com as emoções
- Respiração profunda: ensine a inspirar pelo nariz, segurar por três segundos e soltar pela boca.
- “Cantinho da calma”: crie um espaço com livros, pelúcias e almofadas para momentos de agitação ou tristeza.
- Escrita: incentive diários ou cartas para desabafar (principalmente com os maiores).
- Atividades físicas e artísticas: dançar, pintar, correr, montar blocos — tudo isso ajuda a liberar emoções.
4. Valide sempre
Mesmo que não concorde com o comportamento, valide o sentimento por trás dele:
- “Eu entendo que você ficou com raiva. Mas não podemos bater. Vamos pensar em outro jeito de resolver isso?”
O que evitar
- Frases que invalidam: “Isso é besteira”, “Engole o choro”, “Você não tem motivo pra ficar assim”.
- Comparações: “Seu irmão não faz isso”, “Na minha época ninguém ficava triste por isso”.
- Ironias e rótulos: “Você é dramático demais”, “Que frescura”.
Essas falas cortam o canal de comunicação e geram vergonha. O que a criança aprende? Que não pode falar sobre o que sente. Que precisa esconder.
Quando buscar ajuda profissional?
Nem todo desconforto emocional é sinal de um problema maior, mas alguns são. Fique atento se a criança:
- Se isola com frequência.
- Tem crises de ansiedade recorrentes.
- Apresenta mudanças bruscas de humor, sono ou apetite.
- Demonstra sinais de depressão ou fala sobre “não querer mais viver”.
Nesses casos, procure um psicólogo infantil. O suporte profissional é essencial. E cuidar da saúde mental também é um ato de amor.
E aí, vamos conversar?
Falar sobre saúde mental com crianças não é ter todas as respostas. É criar um espaço seguro. Onde elas possam sentir, errar, aprender e se expressar.
É mostrar, com atitudes, que todo sentimento é bem-vindo.
Que ninguém precisa fingir estar bem o tempo todo. Que pedir ajuda é sinal de força. E, acima de tudo, que elas não estão sozinhas. Então… que tal começar hoje?
Um simples “como você está se sentindo?” pode ser o começo de algo transformador.
HOSPITAIS ESTÂNCIA
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